A Discussão do Carioca com o Pau-de-Arara Autor: Apolônio Alves dos Santos Já que sou simples poeta poesia é meu escudo com ela é que me defendo já que não tive outro estudo vou mostrar para o leitor que o poeta escritor vive pesquisando tudo Certo dia feriado sendo o primeiro do mês fui tomar uma cerveja no bar de um português lá assisti uma cena agora pego na pena para contar pra vocês Quando eu estava sentado chegou nessa ocasião um velho pernambucano daqueles lá do sertão com a maior ligeireza foi se sentando na mesa pediu uma refeição O português logo trouxe um prato grande sortido o nortista vendo aquilo ficou logo enfurecido com um gesto carrancudo começou mexendo tudo depois falou constrangido Patrício não leve a mal nem me queira achar ruim toda espécie de comida que você tem é assim? desculpe minha expressão mas a sua refeição não vai servir para mim Nesta hora o português ficou zangado também lhe respondeu ora bola donde é que você vem? difamando deste jeito me diga qual o defeito que esta comida tem? O nortista disse eu sofro um ataque entistinal a carne está quase podre o arroz tem muito sal o feijão está azedo de comer eu tenho medo que pode me fazer mal — O meu estômago não dá pra receber este entulho prefiro morrer de fome mas não como este basculho pois comendo sei que morro lá no norte nem cachorro não come todo bagulho O português respondeu você é péssimo freguês vá embora e faz favor não vir aqui outra vez mas antes tem que pagar não posso lhe perdoar a desfeita que me fez O nortista disse eu pago que isto não me embaraça para você não pensar que eu vim comer de graça mas o nortista de nome embora morra de fome mas não come esta desgraça Acontece que ali se achava um carioca disse ele só conhece farinha de mandioca todo nortista poeira só gosta de macacheira girimum e tapioca Disse o nortista é porisso que o nordestino é forçoso porque no meu velho norte se come pirão gostoso com farinha de mandioca aqui só dá carioca doente tuberculoso C. — Respondeu o carioca não queira tanto agravar seu nordeste é muito bom mas lá ninguém quer ficar deixou lá seu pé de serra e veio pra minha terra para poder escapar N. — Aqui também me pertence o nortista respondeu eu sou nato brasileiro o Brasil é todo meu o homem precisa andar para poder desfrutar do país onde nasceu C. — O carioca rompeu nordestino é curioso além de ter olho grande é demais ambicioso chega aqui se amaloca na terra do carioca doente tuberculoso N. — Disse o nortista é porque nosso Rio de Janeiro precisa do nordestino pois é um povo ordeiro pra quem derrama suor aqui no Rio é melhor para se ganhar dinheiro C. — Mas no Rio de Janeiro tem operário de sobra não precisa nordestino vir aqui fazer manobra nordestino é atrevido aqui já é conhecido por camondonga de obra N. — Você me diz isso tudo pra me desclassificar mas aqui as companhias preferem mais empregar os nordestinos que vem pois carioca não tem coragem de trabalhar C. — É porque o carioca gosta da civilidade não é defeito ninguém viver da facilidade pois ninguém não é cavalo pra viver criando calo sem haver necessidade N. — O carioca só gosta de viver da malandragem do jogo e da bebedeira do vício e da vadiagem porisso o país da gente não pode ir para a frente por causa da pilantragem C. — O carioca está certo pensando assim pensa bem o carioca não gosta de ser sujeito a ninguém nem dá valor a operário que só vive do salário luta muito e nada tem N. — Já eu penso diferente você precisa entender que nosso mundo é composto de tudo precisa ter se não fosse o operário o rico milionário como podia viver? C. — Mas o nortista trabalha porque é muito uzurario tem alguém que vem pra qui mas lá é proprietário pois devido a ambição enfrenta até fundação com os olhos no salário N. — É porque o nordestino é um homem acostumado a só viver do trabalho não ignora o pesado não é como o carioca que só vive da fofoca da malandragem e do fado C. — Tinha graça o carioca se misturar com cimento como faz o nordestino que chega ficar cinzento carioca só procura um emprego que figura moral e comportamento N. — Não é todo carioca que tem a capacidade de assumir um emprego de alta dignidade precisa de estudar para assumir um lugar de responsabilidade C. — Você aí está certo o estudo está na frente porque o mundo ficou para o mais inteligente assim diz quem for ativo o operário é cativo num país independente N. — Pois eu gosto do trabalho e vivo sempre disposto pois o homem que trabalha a Jesus dá grande gosto porque Deus disse a Adão hás de ganhar o teu pão com o suor do teu rosto C. — Então você é Adão que veio do paraíso faça lá o que quiser que de você não preciso nem vou na sua maloca porque sou um carioca que honro o chão onde piso N. — Nem de você eu preciso que você é fracassado pelos traços já se vê que você é pé rapado e quem fala deste jeito só pode ser um sujeito ignorante atrasado C. — Disse o carioca eu vivo com minha alma tristonha vou embora para onde o nordestino nem sonha vou esconder minha cara para este pau-de-arara não me matar de vergonha |
A discussão do carioca com o pau-de-Arara de - Apolônio alves
domingo, 8 de maio de 2011 Marcadores: Apolônio Alves
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